Pular para o conteúdo

6 Relatos Reais de Medo Noturno que Vão Te Deixar Acordado!!! #fantasmas #horror

Às vezes, o medo mais antigo da humanidade…
não é do que vemos…
mas do que não conseguimos ver.

O escuro é um vazio silencioso.
Um lugar onde os sons ganham forma…
e a imaginação se torna inimiga.

Você pode estar sozinho…
mas sente que não está.

Aquele arrepio?
Não é o vento.

É o instinto.

Porque, no escuro, a mente cria monstros.
Mas… e se nem todos forem imaginários?

Me chamo André.
Isso aconteceu comigo há pouco mais de um ano, quando fui morar temporariamente na antiga casa da minha avó. Ela havia falecido, e meus pais estavam resolvendo a venda do imóvel. Como eu estava trabalhando remotamente, me ofereceram a casa como um lugar silencioso e espaçoso onde eu poderia ficar por um tempo.

A casa ficava no interior de Minas Gerais. Um sobrado antigo, com piso de madeira e móveis de décadas atrás. Nada muito sinistro, até porque passei boa parte da infância ali, visitando minha avó durante as férias.

Mas a sensação de estar lá sozinho… foi diferente.

Nos dois primeiros dias, foi tudo tranquilo. Me adaptei rápido à rotina: acordava cedo, trabalhava, almoçava algo simples, e passava o final da tarde lendo ou mexendo no computador. À noite, tomava banho, fechava as janelas e me trancava no quarto dos fundos, onde costumava dormir quando criança.

Na terceira noite, algo mudou.

Era por volta de três da manhã quando acordei com um som estranho. Não era um barulho alto, nem algo desesperador. Era… um rangido. Específico. Lento. Como uma porta sendo aberta devagar, com cuidado, como se quem estivesse abrindo quisesse evitar qualquer estalo mais forte.

Levantei na hora. Peguei o celular. Iluminei o corredor.

Nada.

Mas o som tinha vindo dali.

Fiquei um tempo parado, escutando. Silêncio total. Voltei pra cama.

Na noite seguinte, mesma coisa. Três da manhã. Rangido.

Comecei a pensar que fosse a casa estalando. Era velha, afinal. Talvez o vento… apesar de não haver janelas abertas.

Só que não parecia o tipo de som que o vento faria. Era um som intencional. Mecânico. Como se alguém estivesse mesmo girando a maçaneta, abrindo a porta devagar… e depois parando.

Na quinta noite, o som foi diferente. Mais próximo. Dessa vez, ouvi a maçaneta da porta do meu próprio quarto girando levemente. Lentamente.

O pânico me congelou.

A luz do celular tremia na minha mão.

Fiquei ali, deitado, encarando a maçaneta. Ela girava milimetricamente. Parava. Voltava. E parava de novo.

Não abri a porta. Não fui verificar. Esperei. O som cessou. E, eventualmente, adormeci.

Na manhã seguinte, empurrei uma cadeira contra a porta antes de dormir. Era ridículo, mas me senti mais seguro.

Acordei às três e quinze da madrugada. Senti algo errado de imediato. Estava escuro, mas havia algo estranho no ar. Um frio… diferente.

Quando olhei para a porta… ela estava entreaberta.
E a cadeira que eu havia colocado contra ela… estava no meio do quarto.

COMENTÁRIOS DE NARRAÇÃO PARA O MALCOLM (CapCut)
Pausas longas após frases de impacto como:

“Mas… e se nem todos forem imaginários?”

Ritmo calmo e constante, mas com ênfase dramática em frases como:

“A porta estava entreaberta…”
“E a cadeira… no meio do quarto.”

Naquela madrugada, ao ver a porta do quarto entreaberta e a cadeira — aquela que eu havia encostado cuidadosamente para bloquear a entrada — no meio do quarto…
…meu corpo inteiro congelou.

Foi um momento estranho. O cérebro não conseguia decidir se o que eu via era real, ou se era o resto de um sonho. Mas o frio que entrou por aquela porta… o tipo de frio que parece sair do chão… foi o suficiente pra me provar que eu estava acordado.

Não me levantei imediatamente. Fiquei deitado, olhando. O quarto parecia igual… mas diferente. Como se algo nele tivesse mudado levemente de lugar. Ou como se algo invisível estivesse ali, respirando junto comigo.

Fui tomar coragem. Liguei a lanterna do celular e fui até a porta. Olhei para fora. O corredor, como sempre, escuro. Silencioso. Mas, desta vez, senti um cheiro que não estava ali antes.

Era um cheiro de madeira molhada. De porão fechado. De coisas guardadas por muito tempo.

Voltei para o quarto, fechei a porta e travei com a chave, além de empurrar um móvel pesado contra ela. Só consegui dormir quando o sol começou a nascer.

Durante o dia, tentei racionalizar tudo aquilo. Talvez eu tivesse esquecido a porta destrancada. Talvez o vento — mais uma vez ele — tivesse empurrado a cadeira.
Mas a sensação…
o instinto…
eles não deixavam margem para o “talvez”.

Naquela tarde, decidi descer ao porão da casa. Nunca gostei daquele lugar, mas queria ver se havia algo ali, alguma explicação física. Talvez ratos, talvez portas que se abriam sozinhas com as correntes de ar…

O porão era úmido, escuro, e cheio de coisas antigas da minha avó: caixas de fotos, móveis cobertos, malas, enfeites de Natal de décadas atrás. Passei um tempo vasculhando, até que encontrei algo que me fez parar.

Era um diário. Envelhecido, com capa de couro rachada.

Não tinha o nome da minha avó na capa, nem nenhuma identificação clara, mas havia datas. A maioria das anotações era do final da década de 1980. Eram textos curtos, escritos com pressa, alguns rasurados. Mas o conteúdo…

“Porta do corredor abriu de novo essa noite. Terceira vez na semana.”
“Fiz o sinal da cruz e rezei. Ainda ouvi os passos.”
“Não quero que os meninos durmam aqui no fim de semana. A coisa está mais ativa.”
“André disse que ouviu alguém chamar ele de madrugada. Não deixei ele sair do quarto.”

Meu nome. Em uma anotação de 1989.
Eu tinha 6 anos.

Fechei o diário com as mãos trêmulas. Fiquei parado ali por minutos.
Naquela hora, tive certeza. O que quer que fosse aquilo… não era novo.

A presença naquela casa existia há muito mais tempo. E agora… voltara a se manifestar porque havia alguém novo ali. Alguém vulnerável. Sozinho.

Decidi sair da casa no mesmo dia.

Arrumei minhas coisas em silêncio. A cada canto da casa, sentia como se estivesse sendo observado. Aquela sensação de olhos sobre os ombros… mesmo no meio da tarde.

Antes de ir, voltei ao quarto uma última vez. Queria fechar tudo com calma, deixar organizado. E quando entrei…
…a cadeira…
…estava novamente encostada na porta, exatamente como eu havia colocado na noite anterior.

Ninguém mais tinha entrado naquele cômodo.

As janelas estavam trancadas. A chave da porta estava no meu bolso.

Saí da casa sem olhar para trás.

Hoje, meus pais venderam o imóvel. E por mais que tentem me convencer de que tudo foi imaginação, eu sei o que vivi.
E mais do que isso…
…eu sei que aquilo que se move à noite naquela casa… ainda está lá.

Esperando pela próxima pessoa que se atreva a dormir com a porta entreaberta.

PONTO DE REFLEXÃO (Narrador para transição)
Quantos segredos cabem entre paredes antigas?
Quantas histórias foram silenciadas, simplesmente porque ninguém acreditaria?

O escuro… não revela.
Ele oculta.

Mas para quem viveu o medo, nem o silêncio… é suficiente para esquecer.

NOTAS DE NARRAÇÃO – MALCOLM (CapCut)
Mantenha o tom sombrio com pausas dramáticas após:

“Era um diário.”

“Meu nome. Em uma anotação de 1989.”

“A cadeira… estava novamente encostada na porta…”

Sempre achei que essas narrativas serviam mais como formas de passar o tempo do que qualquer outra coisa.
Mas tem algo em passar uma noite em um lugar isolado…
…que muda a forma como você escuta até o som do próprio coração.

Tudo começou quando meu melhor amigo, Vinícius, me convidou pra passar um fim de semana com ele em uma cabana no interior do Paraná.

Ele havia herdado o lugar de um tio que faleceu há alguns anos. A cabana era antiga, de madeira, e ficava no meio de um terreno cercado por mato.
Sem vizinhos.
Sem sinal de celular.
Sem internet.
Era o tipo de lugar ideal pra quem quer desligar do mundo.

Chegamos numa sexta-feira à tarde. A estrada de terra era estreita, cheia de buracos, e parecia nunca acabar. Mas quando avistamos a cabana, havia algo de encantador nela.
A pintura estava descascada, mas ainda tinha charme. As janelas eram grandes, com molduras antigas. Havia uma varanda com redes. E o silêncio… era absoluto.

A primeira noite foi tranquila. Comemos, tomamos umas cervejas, contamos histórias e rimos bastante.

Mas foi na segunda noite que as coisas começaram a mudar.

Por volta das 23h, já estávamos nos preparando pra dormir. Eu escolhi o quarto da frente, o que dava pra trilha que levava até a mata. Tinha uma janela grande, com uma cortina fina. Nada demais.

Deitei na cama e fiquei mexendo no celular, mesmo sem sinal — hábito, sabe? Até que o sono chegou e apaguei.

No meio da madrugada, acordei com um som seco.
Parecia um estalo.
Como madeira se partindo.

Olhei em volta. Tudo escuro. A única iluminação vinha da claridade da lua passando pela cortina.

Tentei dormir de novo, até que ouvi outro som. Mais próximo.

Era como se algo estivesse… raspando… a parede do lado de fora. Algo como unhas… ou metal.

Me levantei devagar, fui até a janela, e olhei.

Nada.

A trilha, o mato… tudo parado.

Mas então percebi que a cortina estava ligeiramente puxada. Como se alguém… ou alguma coisa… tivesse olhado pra dentro da cabana, mesmo que por um segundo.

O coração disparou.

Tranquei a janela, puxei a cortina até o fim e voltei pra cama, com os ouvidos atentos.

O som cessou.
E o silêncio voltou.

No dia seguinte, contei pro Vinícius. Ele riu. Disse que devia ser algum bicho da mata. Que era comum armadilhas pegarem tamanduás ou porcos-espinhos que vinham fuçar a área da cabana.

Fiz que sim com a cabeça. Mas no fundo, eu sabia que o som… não era de animal.

E naquela noite…
o som voltou.

Dessa vez, era mais insistente. Como se algo estivesse rondando a casa. Eu já tinha fechado as janelas, então corri até a da sala e olhei por uma fresta.

A luz da lua iluminava parcialmente a varanda.

E foi ali…
que vi.

Uma sombra.

Alguém — ou alguma coisa — estava parado, imóvel, de frente para a janela do quarto onde eu dormia.

A figura era fina, parecia curvada… e o mais estranho: parecia que estava usando algo como um casaco velho, mas o rosto…
…era impossível de ver. Escuro.
Como se fosse coberto por algo… ou como se não existisse.

Fiquei paralisado.

Gritei o nome do Vinícius e saí correndo pelo corredor.

Ele veio assustado, ainda sonolento.

Corremos até a porta da frente, mas… não havia nada. Ninguém.

A trilha? Intocada.
O mato? Imóvel.
A varanda? Vazia.

Começamos a pensar que talvez… fosse alguém querendo assustar a gente. Algum vizinho, um andarilho, ou até um caçador perdido.
Decidimos ficar acordados por mais tempo, armados com uma lanterna e uma faca de cozinha.

Nada mais aconteceu naquela noite.

No outro dia, Vinícius teve a ideia de olhar as pegadas do lado de fora. Era terra batida, então qualquer passo deixaria marcas.

E ali estavam elas.

Marcas leves. Como pés descalços.

Mas o que nos arrepiou foi que…
as pegadas não vinham da trilha.
Elas vinham do mato… direto pra janela do quarto.
E depois… sumiam.

Não havia marcas de retorno. Nenhuma trilha de volta pra floresta.

Era como se…
a coisa…
tivesse desaparecido ali.


O que se esconde na mata?
E por que, entre tantas janelas, aquela figura escolheu justamente a minha?

Na manhã seguinte, acordamos com a luz do sol atravessando as frestas da madeira da parede.
Vinícius estava mais sério. O riso dele tinha sumido.
As pegadas sem origem nem retorno… estavam mexendo com a nossa cabeça.

Decidimos que aquela seria nossa última noite ali.
Iríamos aproveitar o dia e voltar pra cidade logo cedo na manhã seguinte.

Passamos as horas de sol explorando o terreno ao redor da cabana. Havia uma trilha antiga, quase invisível, que levava a uma clareira mais adiante.
Seguimos até lá e encontramos o que parecia ser os restos de uma antiga cerca… e o que sobrou de uma construção ainda mais antiga: apenas pedaços de alvenaria e uma laje meio enterrada.
Como se aquilo já tivesse sido parte de outra casa, outro tempo, outro tipo de ocupação humana.

Vinícius comentou algo curioso.

— Meu tio dizia que esse terreno já foi de outra família antes.
Que aconteceu uma tragédia aqui.
Mas nunca quis entrar em detalhes.

Voltamos pra cabana antes do pôr do sol. E, pela primeira vez, colocamos móveis improvisados nas portas e janelas.
Fizemos uma barricada leve, só pra sentirmos que tínhamos algum controle.

Às 23h, o silêncio caiu como um peso.

Não havia grilos.
Não havia vento.
Nada.

Ficamos no sofá da sala, com a lanterna ligada, os ouvidos atentos.
E então… veio o primeiro som.

Um baque. Fraco. Mas claro.
Do lado de fora.
Depois… passos.

Passos lentos. Arrastados. Que circundavam a cabana.

Vinícius foi até a janela da cozinha e olhou.
Não disse nada.

Apenas voltou, branco como papel.

— Tá ali — ele disse. — Parado. Do lado da varanda.
— Quem? — perguntei, engolindo em seco.
— Aquilo.

Aquilo.

O mesmo vulto que eu tinha visto dois dias antes.
Curvado. Com os braços longos. O rosto coberto por sombras.

A figura não se movia.
Apenas… observava.

Pegamos a lanterna, abrimos uma fresta mínima da porta… e iluminamos.

Mas não havia ninguém.

Corremos até a varanda. Nada.

Silêncio total.

Até que Vinícius apontou com o dedo.

— Lá.
No mato.

Entre os arbustos, havia olhos. Dois pontos brilhando na escuridão. Não era animal.
Estavam altos demais, imóveis demais.

E então… um som. Baixo. Arrastado.
Como se algo respirasse com dificuldade.

Voltamos pra dentro. Trancamos tudo.
Mas, de repente, o barulho parou.

Por volta das 2h da manhã, já exaustos, quase dormindo de medo, ouvimos algo bater na janela do quarto da frente.

Um…
dois…
três toques.

Lentos.
Cadenciados.

Não era vento.
Não era acaso.

Aquilo era intencional.

E então, algo ainda pior aconteceu.

A luz da lanterna começou a falhar.
Piscar.
Apagar.

Ficamos no escuro total por alguns segundos.

Foi quando ouvimos…
um sussurro.

Inaudível.
Mas humano.

Como se alguém dissesse algo direto no vidro.
Palavras em tom de oração.
Ou de maldição.

Vinícius pegou o celular pra filmar… mas, de novo, nada funcionava. Nem a câmera, nem a lanterna embutida.
O aparelho simplesmente… congelou.

A coisa do lado de fora começou a andar de novo.
Contornava a casa devagar.
Como se soubesse exatamente onde estávamos.

E aí… parou.

Parou na parede do quarto.

A mesma janela de antes.

Aquela janela.
Sempre aquela janela.

O silêncio voltou.
Mas agora era outro tipo de silêncio.
Não era ausência de som.
Era presença de algo invisível.

Sentimos… medo.
Não um medo comum.
Mas o tipo de medo que vem de dentro.
Instintivo. Primitivo.

Eu me encolhi no canto.
Vinícius tremia.
Ninguém falava nada.

A noite demorou uma eternidade pra passar.

Mas passou.

Quando o sol finalmente nasceu, saímos correndo pra fora da casa. Pegamos o carro e dirigimos sem parar até a cidade.

Não olhamos pra trás.
Não voltamos à cabana.
Nunca mais.

Alguns meses depois, Vinícius tentou vender o terreno.
Mas ninguém se interessava.

Diziam que ali já havia ocorrido um incêndio, muitos anos antes.
Uma casa antiga, onde morava uma senhora sozinha.
Ela foi encontrada morta, perto da janela da frente, com o rosto virado pro mato.

Diziam que ela…
esperava alguém.

Ou alguma coisa.

Ninguém nunca soube se foi acidente… ou outra coisa.

Mas eu sei o que vi.
E sei o que senti.

Às vezes, à noite, deito e lembro daquilo.
Fecho os olhos e vejo…
a janela.
E uma sombra imóvel do lado de fora.

Esperando.

Reflexão Final dessa Parte:
O que é o medo senão um aviso silencioso de que há algo… à espreita?
Às vezes ele não quer nos assustar.
Quer apenas nos manter vivos.

Era janeiro de 2021.
A pandemia ainda fazia o mundo parecer parado, mas eu tinha voltado a trabalhar em turnos noturnos num hospital de médio porte, no interior do Paraná.

Na época, eu morava sozinho num apartamento no último andar de um prédio antigo, com apenas quatro andares. Não havia elevador, e o silêncio ali era absoluto após as 22h.

Meu plantão era das 18h às 6h da manhã.
E, como de costume, quando voltava, eu tomava banho, comia algo e me deitava pra dormir por volta das 7h.

Naquela manhã, cheguei como sempre, cansado. Mas algo me incomodava.

Assim que entrei no apartamento, percebi um leve cheiro metálico no ar.
Como de ferrugem… ou sangue.

Verifiquei a cozinha, os ralos, o banheiro. Nada.

Dei pouca importância. Estava exausto demais pra pensar direito.

Me deitei e apaguei.

Mas não por muito tempo.

Acordei com uma sensação estranha.
Como se alguém tivesse me chamado.
Mas não com voz. Com pensamento.

O relógio marcava 9h27.
Eu ainda estava sonolento, mas ouvi algo.

Três batidas.

Vindas da porta da frente.

Me levantei.
Fui até o olho mágico.

Nada.

Abri a porta. O corredor estava vazio.

Voltei a deitar. Talvez algum vizinho batendo em outra porta, pensei.

Mas quando fechei os olhos, ouvi de novo.

Batidas.

Dessa vez, na janela da sala.

Lentamente, fui até lá.
Subi a persiana.

E, mais uma vez… nada.

Mas o cheiro estava mais forte agora.
Aquele cheiro metálico, quente, nauseante.

Dei mais uma volta no apartamento. Chequei tudo.

Fechei a janela. Tranquei a porta com a chave.

E me forcei a dormir.

Por volta do meio-dia, sonhei que alguém me observava da porta do quarto.
No sonho, eu não conseguia me mexer. Estava paralisado.

O ser era alto, encurvado, e tinha braços longos demais.
Sem rosto. Apenas uma presença escura.
Mas eu sentia… que ele sorria.

Acordei ofegante.
Coberto de suor.
E com a estranha sensação de que o quarto… estava mais frio.

O apartamento tinha janelas fechadas. O sol batia do lado de fora.
Não fazia sentido.

Mas o frio era real. E constante. Como se o ar estivesse… errado.

Foi aí que notei algo novo.

No chão do corredor… uma marca.

Como se algo tivesse sido arrastado.
Um rastro em linha reta do meu quarto até a porta da frente.

A marca era sutil. Quase invisível. Mas estava lá.

Pisei devagar, seguindo o rastro.
Ele desaparecia perto da entrada.

Abri a porta de novo.

Nada.

Mas havia… algo novo.

No tapete do corredor…
Uma pena.
Preta.
Brilhante.

Como de um corvo.

Mas eu morava no último andar. Sem janelas abertas.
Sem acesso externo.

Corvos não subiam escadas.
E não deixavam penas… sozinhas.

Joguei a pena fora e tentei me convencer de que estava apenas cansado.
Estresse. Falta de sono. Imagens do subconsciente.
Explicações racionais.
Sempre precisamos delas, não é?

Na noite seguinte, voltei ao trabalho.
Mas estava inquieto.

Contei o que aconteceu pra uma colega da enfermagem, que era mais mística.

Ela me olhou sério e disse:

— Tem coisas que só aparecem quando a gente tá frágil.
— Como assim? — perguntei.
— O medo tem cheiro. E tem gosto.
Quando ele sente… ele vem.

Aquilo me gelou.

No terceiro dia, depois de mais um plantão, cheguei em casa já com medo.
Verifiquei todas as trancas, janelas, luzes.

Mas, mesmo assim, acordei às 10h com a mesma sensação.

Presença.

Não barulho.
Presença.

Levantei devagar.
Fui até a sala.
E vi, pela fresta da porta entreaberta, que o abajur estava aceso.

Mas eu não o deixei ligado.

Quando entrei, ele apagou.

Sozinho.

O cheiro metálico voltou.
Mais forte.

Olhei pro chão.

Outra pena.

Preta.
Agora… molhada.

Com algo que parecia sangue seco.

E no espelho da sala… um traço.

Como um dedo sujo que havia passado ali.
Escrevendo algo.

Três letras.

“ELE”

Senti um arrepio que percorreu minha espinha.

Saí do apartamento.
Desci as escadas correndo.
Fui até uma padaria e fiquei lá até o fim da tarde.

Naquele mesmo dia, pedi demissão.
Voltei a morar com meus pais por um tempo.

Nunca mais voltei ao prédio.

Mas até hoje, às vezes, acordo no meio da madrugada… e juro que ouço batidas.
Três toques.

Sempre três.

E um cheiro.
Quente.
Metálico.
Vindo de lugar nenhum.

Reflexão Final dessa Parte:
O medo, quando silencioso, é como uma visita noturna.
Ele não pede permissão.
Apenas… entra.

Agora que ouvimos essas histórias…
o que nos resta é refletir.

O medo do escuro é algo primal.
Algo que reside dentro de nós desde o momento em que começamos a entender o que significa estar sozinho, vulnerável.

Quando somos crianças, o escuro é simplesmente a ausência de luz.
Mas, à medida que crescemos, ele se transforma.
O escuro se torna mais do que uma falta de luz.
Ele se torna um reflexo do que não conseguimos compreender.

Às vezes, o escuro é o nosso próprio medo de enfrentar o que está escondido.
Medo das sombras que se arrastam em nossas mentes, esperando pelo momento de se revelar.
Medo de que, ao virar a esquina ou abrir aquela porta, algo nos observe do outro lado… esperando.

Se você pensar bem, o medo do escuro não é apenas sobre o que está lá fora.
Ele é sobre o que está dentro de nós.
Sobre aquilo que não queremos ver.
Sobre as histórias não contadas que ficam à espreita, como fantasmas silenciosos.

Naquelas noites em que você acorda, de repente, sentindo que há algo na sua casa, na sua cama… você percebe que o medo não é apenas sobre o que você viu.
É sobre o que você sente.

E se o medo pudesse ser algo mais do que uma sensação?
Se ele fosse, na verdade, um aviso?
Um instinto que nos mantém alertas para o desconhecido, para o que não entendemos?

As sombras, os vultos… as batidas na janela.
Tudo isso não é só uma manifestação sobrenatural.
É um reflexo da nossa mente tentando processar o que não pode ser explicado.

Por mais que tentemos racionalizar o medo, há sempre um ponto em que ele escapa à nossa compreensão.
E talvez seja esse o ponto onde mora a verdadeira essência do medo.

Algo que não se explica.
Algo que não se resolve.
Mas que nos força a olhar pra dentro.
A questionar o que realmente habita a nossa própria escuridão.

Cada história que ouvimos aqui hoje compartilha uma coisa em comum:
um encontro com o desconhecido.

Com o que não se pode ver… mas sente.

E, por mais que queiramos fugir da escuridão, ela nunca nos abandona.
Está em cada um de nós.
Esperando… em silêncio.

Então, da próxima vez que o medo bater à sua porta, ou quando você acordar no meio da noite,
não se pergunte o que está ali fora.

Pergunte a si mesmo:
O que está dentro de mim que eu não quero enfrentar?

Porque o medo, no final, é apenas um reflexo de nós mesmos.
E as respostas podem ser muito mais assustadoras do que imaginamos.

Reflexão Final para o Público:
O medo do escuro não é apenas sobre o que está à nossa frente.
Ele é o que encontramos quando nos voltamos para dentro.
E, às vezes, o verdadeiro terror está esperando nas sombras da nossa própria mente.

Com isso, concluímos a nossa jornada por essas experiências reais de medo noturno.
Se você já passou por algo parecido, se sentiu o mesmo arrepio na espinha,
compartilhe sua história nos comentários.
E lembre-se: o medo nunca está longe.
Ele está sempre nos esperando… na escuridão.